sábado, 30 de janeiro de 2010

Torta de Azeitão

Olá Mãinha

Como sabe nunca consegui fazer torta de Azeitão.
Ora, era a torta que saía mal, ou, o mais frequente era o creme de ovos sair mal, gastava uma série de ovos e népias, nunca consegui fazer...nunca.
Hoje decidi fazer uma torta de Azeitão, o João andava há que tempos a pedir-me e, então eu hoje decidi-me.
Antes de começar a fazer a torta, e enquanto tirava os ovos do frigorifico para não estarem muito frios, falei consigo.
Pedi ajuda!
E pimba, pûs mão á obra.
Fiz tudo com calma e ia conversando
Bati muito bem as claras,forrei o tabuleiro, acendi o forno, e lá fui fazendo calmamente.
Engraçado que sempre me senti nervosa ao fazer esta torta, talvez por nunca me sair bem, suponho eu, mas hoje estava calma e confiante.
Enquanto a torta estava no forno fiz o creme de ovos, e pela primeira vez......................................saíu BEM!!!!
Eu nem queria acreditar.
Nem mexi mais, fiquei ali sentadinha á espera que a torta acabasse.
Até tinha medo de respirar.
Por fim, terminou o tempo da torta no forno.
Estendi o pano, conforme me ensinou, e catrapuz, torta lá para cima.
Estava loirinha e toda direitinha.
Fui buscar o creme de ovos e barrei-a.
Depois, veio outro problema....enrolar a torta.
Estava cheia de medo de parti-la, mas lá fui enrolando a pouco e pouco, e saiu bem.
Quer dizer partiu um bocadinho, mas eu penso que é aquele bocadinho da praxe. :)
Ficou linda, quer dizer, pelo menos na minha opinião.
Passados nem 5 minutos aparece o João de faca em riste e a salivar por uma fatia.
A torta ainda quente, mas quem o parava??
Lá cortámos a 1ª fatia.
E, sabe uma coisa????
Está uma delícia. Mesmo boa, Fofinha, muito fofinha
Que maravilha!!!

Obrigada , minha Mãe, pela sua ajuda
Por fim consegui fazer uma torta, digna de apresentação.
Sei que iria ficar orgulhosa
Deixo aqui uma foto para poder ver, como me saí

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A baixa

A long, long time ago, antes de existirem centros comerciais, os rapazes terem brincos e usarem as calças a cairem pelas pernas abaixo, a Baixa era o centro comercial da cidade.
Na baixa, existia tudo, todas as lojas e quase todos os serviços.
Tudo se podia comprar.
E a minha Mãe adorava a baixa
Ah, preciso de uns sapatos.............vou á baixa
Ah, preciso de um vestido..............vou á baixa
Ah, os miudos precisam de casacos para o inverno..........vou á baixa
Á baixa ia-se para tudo e até se ia “para desanuviar” como dizia a minha Mãe.
A minha Mãe sempre foi Mãe e mulher de alguem, e deve ter havido muitos dias concerteza que não nos podia ver á frente, e então metia-se no electrico e lá ia ela para a baixa.
Irónico , as it may seems, a minha Mãe ia para a confusão para ter tempo para ela, para pensar, para passear e para estar sózinha.
Era o dia dela, eram os seus momentos.
Momentos sem ninguem a chatear, ou pedinchar qualquer coisa.
Vinha para casa cansada, mas revigorada e feliz.
Muitas vezes íamos as duas.
A agitação começava á hora de almoço, “vá, vamos almoçar cedo, para nos despacharmos para ir á baixa”. E lá íamos nós, as duas no eléctrico amarelinho dos antigos, daqueles que demoram uma eternidade a chegar e que tinham 50.000 paragens.
Mas, nós tinhamos tempo, íamos com todo o tempo do mundo.
Íamos para disfrutar!
Podiamos ir de comboio, mas o comboio era muito rápido, e nós não queriamos ter pressa.
Nós queriamos ir sentadinhas para ver o que havia de novo, ou apenas para ver as ruas, os prédios, as pessoas, as árvores, enfim, para termos tempo de ver tudo.
E, finalmente lá chegávamos à Praça do Comércio, paragem final.
A partir daqui íamos entrando e saindo das lojas, comparando preços, os tecidos, os acabamentos, os modelos.
Era ponto assente que tinhamos que ir aos armazéns do Chiado, ao Grandella, ao Braz & Braz, ao Paris em Lisboa, á Lisbonense e finalmente ao Jerónimo Martins.
Nestas tardes eu tinha direito a um chocolate da Regina, ou a uma sombrinha de chocolate, mais velha seria um gelado ou coisa parecida.
Sabia-me tão bem.
A minha Mãe tinha o passo rápido e nós percorriamos as ruas todas de alto abaixo. Era um frenesim.
Muitas vezes íamos dizer “olá” ao meu Pai, que trabalhava ali num banco na Rua do Ouro.
Era uma visita rápida, mas eu gostava de lá ir, ver os colegas, o sitio onde trabalhava, o movimento e por vezes pensava se algum dia também iria trabalhar num sitio assim (ingenuidade própria da idade). Vinhamos novamente para a rua e dáva-mos a última voltinha, antes de irmos esperar o eleétrico de volta para casa, na Praça do Comércio.
Chegávamos a casa cansadas, mas felizes.
A minha Mãe adorava a baixa.
E, hoje fui passear pela baixa. Desci o Chiado, dei-lhe a mão, e percorri as ruas principais para baixo e para cima com ela ali mesmo ao meu lado.
Foi bom recordar
Foi bom fazer uma coisa qque há muito não fazíamos.
Foi bom.
Mãe, tenho muitas saudades suas!!!!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Hoje fui visitá-la

Querida Mãe,
Hoje como em outros dias passados, fui visitá-la.
Não, não fui á nossa casa em Lisboa.
Fui a Azeitão.
Fui ao cemitério
Sim, eu sei, nunca isto nos passou pela cabeça, não foi?
Ao cemitério, eu ia na companhia da minha Mãe ver os meus Avós, mais tarde, muito mais tarde o meu tio (irmão da minha Mãe), mas nunca, nunca me passou pela ideia, o fazer o mesmo percurso para ir visitar a minha Mãe.
Parece-me, aliás, irreal.
Sinceramente, eu vou lá, sento-me, converso, arrumo as flores, faço festas na terra, choro, desabafo, rio, imploro, confesso-me, mas................não consigo acreditar que é lá que a minha Mãinha está.
É impossivel!
Saio de lá, como se de um sonho saisse.
Não é real e não consigo conceber esta "realidade".
Quero acordar e pensar que foi apenas um pesadelo
Tipo "ufa", acordei, já passou
E, depois como tantas vezes, o fiz, ir a correr ou telefonar, apenas para contar á minha Mãe o pesadelo que tinha ido. Por vezes ríamo-nos as duas e brincávamos com o sucedido.
E, por isso, continuo á espera de acordar deste pesadelo.
Um beijo grande minha querida Mãe
Até amanhã

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Faz hoje 1 mês 21.01.2010

Pois é.
Faz hoje 1 mês!
Faz hoje 1 mês que deixei de poder sentir, poder tocar, poder falar, poder ver, e de nada poder com a minha Mãe.
1 mês pode parecer pouco, ou muito, conforme!
Para mim tem sido uma eternidade.
Uma eternidade pois cada dia que passa, sinto-me sózinha, triste, vazia, zangada, perdida, sinto um turbilhão de sentimentos contraditórios, sinto um aperto no coração, um nó no estomago, um peso de dor imensa. Sinto como nunca supus que fosse possivel sentir na vida.
Por outro lado, 1 mês passou rápido, foram 30 dias que eu não dei por nada, foram 30 dias que voaram, mas tendo passado rápido ou não existe uma questão que continua sem resposta: "Como é a vida sem a minha Mãe?"
Como se vive sem um rumo, sem uma bussola, sem a orientação?
Sem a sua voz energica e sempre bem disposta
Sempre com energia e força de viver
Sempre amiga.
Sempre disponivel
Sempre presente
Sempre cristã
Sempre Mãe

Eu sei que a vida não pára
Mas para mim parou
Nada tem graça, nada tem significado
Nada é igual

EU QUERO A MINHA MÃE!!!!!!!!!!!!!!!


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Faz hoje 1 mês, que minha Mãe deu entrada no hospital (19.12.2009). Queixava-se de fortes dores abdominais.
O médico (um excelente médico), diagnosticou de imediato isquemia intestinal aguda - Redução súbita do fluxo sanguíneo à determinada parte ou todo o intestino de tal intensidade que não seja possível manter sequer o metabolismo basal havendo consequentemente morte celular e necrose.-

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Com 16 meses

A minha Mãe, Maria de Nazareth Correia da Costa nasceu no dia 18 de Julho de 1932, em vila Nogueira de Azeitão,filha de Paulino da Costa Deitado e de Maria Benedita Correia da Costa.Foi a 2ª filha do casal.
Faleceu no dia 21 de Dezembro de 2009, ás 22:50, no Hospital da C.U.F., rodeada dos 3 filhos.
Aqui irei tentar por recordações, lembranças, memórias, fotografias e sentimentos.

Inicio

Olá!
O meu nome é Isabel. Não tenho jeito nenhum para escrever, e portanto nunca consigo transcrever o que sinto. Felizmente que sou capaz de sentir, ao menos isso.
Este blog surge da necessidade que sinto de tentar exprimir o que sinto, por aquela que foi a pessoa mais importante na minha vida, a minha amiga, a minha imagem, a minha ideia de perfeição, o meu ideal, e o meu pilar. Sem ela eu não existiria, e muito menos seria como sou hoje.
Este blog é dedicado á minha Mãe!