segunda-feira, 18 de julho de 2011

18.07.2011

Querida Mãe
Hoje é o seu dia.
Feliz aniversário.
Não vou conseguir ir visitá-la, mas está comigo em pensamento.
Deixo uma pequena mensagem, não é da minha autoria, mas aqui fica.


Como é que se Esquece Alguém que se Ama?
Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O tempo passa

O tempo passa.
É realmente verdade, mas não apaga certas coisas.
A Mãe lembra-se quando me dizia "Ah filha, deixa lá, o tempo tudo cura". Ao principio achei disparatado pois não entendi, mas passado um tempo entendi o que a Mãe queria dizer, e fiquei também apologista desta frase/teoria.
Durante muitos anos acreditei nisto, mas Mãinha, lamento dizer-lhe que afinal é mentira.
O tempo não cura!
Se calhar cura coisinhas parvas, sem significado, coisas básicas e simples.
Mas a saudade que eu sinto não cura.
A dor que eu sinto também não cura.

As pessoas continuam a dizer "ah Isabelinha, pois é muito dificl, mas vais ver que passa"
Quando me dizem isto só me apetece por-me aos gritos.
Mas passa o que?
Não passa nada.
Que raiva.

Cada dia que passa é apenas tempo que passa, a intensidade da dor mantem-se igual.
Continuo doida de saudades
Isto não é justo

Bj querida Mãe

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Cucu

Olá Mãe
Andei ausente daqui.
A razão foi porque de repente deixei de conseguir.
Enquanto que nos primeiros meses, me sentia bem vir escrever, agora não sinto o mesmo.
As saudades andam a apertar muito.
Muito mesmo.
Parece que cada dia que passa,dói mais um pouco.Parece impossivel a dor aumentar, mas a realidade tem sido essa.
apetece-me apenas estar sózinha e em silêncio.
Bj queria Mãe

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ontem foi o nosso dia

Olá Mãinha

Terça-feira, dia 20, foi o nosso dia.
É um dia só nosso.
Senti muito muito a sua falta.
Senti a falta do seu telefonema para me desejar um bom dia
Senti a falta da sua voz, e de brincar comigo a dizer que "tás quase uma mulher"...ahahahha

Passei um dia menos mau, fui ás aulas da parte da manhã e depois de almoço fui para a Azeitão.
Para mim foi muito importante ir ter consigo.
Levei umas flores, como sempre faço neste dia, desta vez levei umas amarelinhas, como a Mãe gosta.
Conversámos, o dia estava muito bonito e soube-me muito bem ter lá estado.
O Pai estava comigo, e o João também.
Depois fui ao Portinho, fui dar um beijinho á Nazaré e ela voltou a dizer que eu estava parecida consigo.
Á noite fui jantar com o João e comemos uma sapateira em sua homenagem.
A Mãe gostava tanto.:))
E eu também gosto.

Tenho saudades, querida Mãe



segunda-feira, 22 de março de 2010

Cá estou eu

Querida Mãe:
Tenho andado ausente, bem sei, mas não foi por mal, é apenas porque continuo sem conseguir escrever tudo o que sinto. No preciso momento em que vou para passar para o papel, neste caso, para o computador, fico bloqueada e não sai nada. Assim, e como o jeito para escrever não é muito, resolvi estar quieta, a bem dos eventuais leitores.
Ontem fez 3 meses. Passou num instante. Para mim continua a ser como se tivesse sido ontem.
Tenho sonhado imenso, tenho sonhado como se nada tivesse acontecido, como se estivessemos ainda em casa e pudessemos conversar. É tudo tão real e vivo nos meus sonhos que ao acordar fico ainda mais triste por perceber que afinal tudo não passou de um sonho.
Contudo, fico contente. Pelo menos, assim, vou matando as saudades que tenho suas.

No outro dia o Pai foi almoçar lá a minha casa. E deixe-me dizer-lhe aqui só para nós que ninguem nos ouve, que não foi igual.
Foi simpático, claro que foi, conversámos, relembrámos situações, mas, não foi igual.
Sentia-se a sua falta á mesa. Senti falta da sua presença, das suas recomendações, de tudo.
Nada é igual.
Sei que pode ser infantil da minha parte, mas eu queria andar para trás.
Queria senti-la, queria o seu cheiro, o seu toque, o seu calor.
Isto assim é muito dificil e digam o que disserem não tem graça.
A vida não tem graça e não tem sentido.
Estou farta
Morro de saudades
Eu QUERO a minha Mãe!!!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Carnaval

Entretanto foi Carnaval.
Como a Mãe sabe, não gosto do Carnaval.
Já gostei, agora não.
Sabem-me bem os dias de férias e pronto, mais nada.
Mas, encontrei esta sua foto.
Foi tirada em 1935, a Mãe tinha 3 anos e estava mascarada
Adoro esta foto.
:)

Novidades

Querida Mãinha

Novidade, novidades, até que nem tenho.
Nada de extraordinário ou de novo se passou.
O Piloto fez 50 anos, e fez o almoço de aniversário dele, no domingo em casa da Larú.
Lá fomos todos. O almoço estava bom, a ementa foi arroz de pato, que o Pai voltou a dizer que a Mãe e eu tinhamos a mania que o Pai gostava...ahahah o que me ri. O Pai já se esqueceu que há uns anos atrás íamos almoçar, depois da missa, ao Sacramento, pois eles faziam arroz de pato, e o Pai delirava.O Pai disse assim: "Tás tornada na tua Mãe, a dizer que eu gosto de arroz de pato, que mania a vossa, eu até nem aprecio". O que eu me ri, ao lembrar-me que ambas diziamos isto e que trocavamos olhares quando o Pai respondia. Soube bem. Havia também bacalhau com broa no forno, para quem não gostasse de pato (blééé). Os acompanhamentos eram batatinha a murro e esparregado. Estava tudo uma delicia. Para sobremesa tinha torta de Azeitão feita pela Larú e o Piloto fez bolo de bolacha. Comentámos logo duas coisas: 1º- o creme não era igual ao da Mãe, eu reclamei logo, nem a cor nem a textura nem o sabor.
2º- uma coisa a Mãe ia gostar, as bolachas sabiam bastante a café, e estava muito bom. Uma delicia, aliás.
Tirámos umas fotos e passou-se o dia.

No sábado estive em Azeitão, fui lá a casa absorver cheiros e recordações. Andei por lá a deambular, abri janelas e arrumei coisas. Depois fui ter com a Inês ao stand. Gosto de lá ir, sinto-me bem e em paz. Ela, com o seu bom feitio e amizade, diz sempre que eu não incomodo, e eu aproveito e fico ali sentada. Falámos de bolos, de receitas e da bimby. Vi fotos novas da Marta a andar a cavalo, tá tão gira, enorme, bonita e com o sorriso da Inês.
E, depois claro como não podia deixar se ser, falamos de si, e sabe uma coisa?
A Inês é da mesma opinião que eu.
Ela e eu achamos que nada sucedeu, a Inês continua á espera de ver a Mãe entrar pelo stand adentro.
Ela e eu achamos apenas que a Mãe se ausentou momentaneamente, e que vem já.
Eu também acho isso. :)
E fico muito contente por a Inês também achar o mesmo.
É porque temos razão.
Fiquei mesmo contente.
Eu continuo aqui Mãinha, á espera de a reencontrar.
Morro de saudades suas, querida Mãe,e espero que o nosso reencontro esteja para breve.